quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Só por brincadeira

Só por brincadeira a Conferência Episcopal Portuguesa pode, numa altura em que a tendência de voto cresce à esquerda do PS, vir chantagear com o voto de protesto uma medida que reune consenso à esquerda (salvo algum conservadorismo do PCP).

Chega a ser angustiante a tentativa de marcar a agenda política por um conjunto de individuos que representam hoje as ruínas de uma instituição desacreditada e desmoralizada, com igrejas cada vez mais vazias e retóricas cada vez mais minoritárias e limitadas.

A forma como o faz não deve ser ignorada! Uma Instituição que se serve do alarmismo social e da ameaça não tem lugar na Europa do Século XXI. Estes são comportamentos que não podem deixar de ser comparados à habitual retórica dos estremistas do Médio Oriente.

Da Igreja espera-se responsabilidade e doutrina, mas não pode admitir-se política e ameaça. Vivemos num Estado de Direito laico, onde a política cabe aos políticos e onde a religião é plural e a quem não cabe moralizar, aqueles a quem por doutrina já exclui. Não é admissivel que depois de excluir homossexuais a Igreja pretenda limitar-lhes direitos civis, sob pena de ver, no futuro discutida a sua própria doutrina por leis civis. Refiro-me, logicamente, à discriminação das mulheres ao direito de exercer o sacerdócio, por exemplo, que começa a ganhar adeptos sobretudo nos Estados Unidos de uma lei civil que force a Igreja a abulir aquilo que é considerada uma discrimanação dos direitos da mulher.

Na minha perspectiva, à Igreja a doutrina, ao Estado a lei. Reconheço à Igreja a legitimidade de excluir quem entender de acordo com a doutrina que minisra. E reconheço unicamente ao Estado a legislação sobre os direitos civis. Qualquer intrumissão de uma esfera na outra, terá certamente consequências. Olhando para a vitalidade e legitimidade de ambos os sujeitos, julgo que a Igreja já perdeu esta guerra.