terça-feira, 7 de setembro de 2010

O ido Portugal dos brandos costumes...

Hoje existem muitos fundamentalismos. Basta passear os olhos pela blogosfera... É a confirmação de que Portugal nunca foi isso de um país de brandos costumes! Isso é treta salazarenta de um país amordaçado e castrado na sua liberdade de expressão. Ah... Abençoada internet que nos deu finalmente a liberdade de nos conhecermos uns aos outros... 
Esta nova aprendizagem tem custos. 
No meio de tudo isto criou-se uma massa cinzenta, densa e populosa que se define centrão, que se mantém confortavelmente sob a manta de uma pretensa identidade moral e ética que definiria em tempos a portugalidade... No fundo, e descoberta a manta, trata-se de uma maioria silenciosa que não tem opinião definida em relação a muita coisa: às liberdades individuais, às políticas do ambiente, aos conflitos no mundo, etc. Este magote de gente balança ao favor do vento e da opinião de circunstância, mas não define argumento, porque no fundo desconhece a realidade do que discute... Ora, vai lá um país que só há vinte anos conhece a Levis e a Chiclet, argumentar sobre o conflito Israelo-Árabe ou os massacres do Darfur? Vai um país onde engravidar é ora acto de culpa, ora descuido, permitir que se aborte legalmente? Ui, e vá lá deixar que os gays se casem, esses tipos edonistas e estéreis que ameaçam a sobrevivência da espécie.
Eu até reconheço alguma razão àqueles que defendem que não se deve legislar em matéria social sem que haja um movimento paralelo de mudança na sociedade... Consigo ter para com essa ideia alguma benevolência... Mas por outro lado, não admito esperar eternamente pelo definir dessa densa e lenta massa, que nos arrasta neste impasse de esperar para ver, para que se admitam aos cidadãos os seus direitos que, há não sei quantos anos, lhe são prometidos pela Constituição da República. 
É por tudo isto e mais alguma coisa que têm de se extremar os antípodas da discussão em torno destes temas... Porque é no confronto que se encontram as soluções!

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